sábado, 1 de fevereiro de 2014

Perdoa…, se fores humano.



Nietzsche, um filósofo ateu, encarou o problema do perdão desta forma: “Os fortes têm a capacidade de se vingar mas o perdão é o único recurso disponível para os fracos”. Portanto, para este pensador a guerrilha é a única forma de conseguir a justiça ou um privilégio dos poderosos, e o perdão, a resignação dos pobres e dos fracos. Assim sendo, teremos uma arma eficaz para perpetuar a guerra e nenhuma para alcançar a paz.

Mas ainda bem que não pensamos todos do mesmo modo pois assim teremos outras soluções para encontrar respostas porventura mais eficazes e igualmente duradouras. Miroslav Volf (teólogo protestante croata) afirmou que "para triunfar, o mal precisa de duas vitórias, não apenas uma: a primeira ocorre quando uma má ação é perpetrada; a segunda, quando se riposta ao mal. Após a primeira vitória, o mal morreria se a segunda não lhe infundisse uma vida nova."

A vingança pode portanto ser uma demonstração de força dos poderosos mas nunca um ato de coragem. Os fortes de Nietzsche podem ser poderosos mas não serão decerto corajosos. A coragem, porém, é muito mais uma qualidade dos “pobres” do que a capacidade de desembainhar uma espada por parte dos que são vingativos. Quando um poderoso se faz de "pobre", então isso pode mudar família, uma nação e o mundo.

É muito mais exigente para uma pessoa a capacidade de não responder a uma provocação do que ter resposta pronta em que as consequências são totalmente imprevisíveis. Perdoar, portanto, nunca pode ser confundido com uma demonstração de fraqueza mas sempre deve ser comparado a um ato de coragem ainda que isso muitas vezes só seja conseguido no limite das nossas forças.

Quando Jesus foi crucificado, de que lado estava a força? Do poder religioso? (Caifás?); do poder político? (Pilatos?); ou de Jesus quando proferiu “Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”? De acordo com Jesus a força estava do lado dos ignorantes e a sabedoria estava do lado dos conscientes.

O objectivo do perdão é a paz e a reconciliação, o objectivo da vingança é a guerra. É a reposição do que estava errado, de novo no seu lugar. O perdão é a opção de resistir ao mal com o bem de não responder à malícia com maior cinismo ainda.

Romanos 12:17-21 “A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas dignas, perante todos os homens. Se for possível, quanto depender de vós, tende paz com todos os homens. Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira de Deus, porque está escrito: Minha é a vingança, eu retribuirei, diz o Senhor. Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça. Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem."

As pessoas que têm um carácter vingativo não querem a paz nem a reconciliação mesmo que sejam ressarcidos de alguma ofensa. Não há nenhuma plataforma possível para o entendimento porque a sua única ferramenta de justiça é uma espada e o seu objectivo é a aniquilação total da existência do outro ser humano. A sua única razão para existir é a de demonstrar supremacia em autoridade e força.

O mundo está cheio de hostilidade e no projeto de Deus para a paz entre os homens surge uma CRUZ. Na cruz, o perdão extremo foi concedido a todos os ofensores. A cruz, ou o que foi desenhado nela, tanto serve para reconciliar o Homem com Deus, como para reconciliar o judeu com o árabe, o branco com o negro, o marido com a mulher, a mãe com a filha, o alcoólico com a sua família.

(Com apoio em "Incondicional?")

Sem comentários:

Enviar um comentário